sexta-feira, 17 de abril de 2009

Pesquisas trazem esperanças contra infertilidade feminina

"Cientistas em Xangai, China, desafiaram a visão médica ortodoxa de que uma mulher nasce com todos os óvulos que vai liberar no curso de sua vida e nunca vai produzir novos. Descartar essa teoria pode ter grandes implicações no tratamento da infertilidade.

Contestações similares já foram feitas, mas não se sustentaram. No início deste mês, porém, o cientista sueco Jonas Frisen mostrou que a mesma doutrina médica aplicada às células cardíacas - que você morre com as mesmas células com que nasce - é incorreta: as células cardíacas são repostas, embora muito lentamente, a uma taxa de 1% ou menos por ano.

A equipe chinesa, liderada por Kang Zou e Ji Wu, da Universidade de Xangai Jia Tong, trabalhou apenas com camundongos, mas devido à semelhança da fisiologia de todos os mamíferos, qualquer prova de que um camundongo é capaz de produzir óvulos após o nascimento pode iniciar uma corrida para provar que humanos também os produzem.

Em essência, os pesquisadores de Xangai afirmam que detectaram, tanto em camundongos jovens quanto velhos, as células germinativas que produzem óvulos, os ovócitos.

Os pesquisadores reportam na edição atual da Nature Cell Biology que procuraram nos ovários de um camundongo células produzindo a proteína homóloga tubular, encontrada apenas em células germinativas. Durante a formação do embrião, essas células geram todos os ovócitos que serão necessários para o tempo de vida da fêmea.

Os pesquisadores detectaram células produzindo a proteína nos ovários dos camundongos, e depois as coletaram e as cultivaram em laboratório. As células foram injetadas com um gene que produz uma proteína fluorescente, uma forma comum de marcar células.

Os pesquisadores injetaram então tais células germinativas nos ovários de um outro grupo de camundongos, cujos óvulos foram eliminados. Quando os camundongos foram cruzados, algumas de suas crias nasceram verdes, indicando que vieram de óvulos produzidos pelas células germinativas marcadas.

David F. Albertini, especialista em reprodução do Centro Médico da Universidade do Kansas, disse que o resultado era "uma observação muito animadora", mas acrescentou que o experimento era difícil de ser interpretado. Ele disse que talvez os autores tenham coletado alguns ovócitos com as células germinativas, a despeito de seus esforços em excluí-los, e que esses ovócitos podem ter sido a origem dos filhotes nascidos mais tarde.

Até essa e outras questões serem sanadas, a observação "não tem relevância clínica", disse Albertini, devido às diferenças fisiológicas entre camundongos e pessoas.

Abertini também afirmou que, ao publicar o artigo de Xangai e alegações anteriores de produção de ovócitos após o nascimento, a revista Nature não seguiu a orientação de uma rede de especialistas em ovário, inclusive ele.

Frisen, o pesquisador sueco que provou que células musculares são geradas durante a vida, disse que ele ainda não foi capaz de aplicar seu método a ovócitos. Sua abordagem é medir o carbono 14 radioativo que foi gerado pelos testes nucleares de superfície nos anos 1960 e que por anos pôde ser encontrado no DNA de células ao redor do mundo.

A quantidade de carbono 14 em cada tipo de célula indica sua data de nascimento.

Frisen afirma que não existem ovócitos o suficiente no corpo de uma pessoa que possam dar um sinal confiável no momento, mas acrescenta que tem esperanças de averiguar a data de nascimento de ovócitos depois de melhorar a sensibilidade de sua técnica."

in www.noticias.terra.com.br